Desde 1965, a ABRH-SP escreve uma história de representatividade

Na década de 1960, o Estado de São Paulo concentrava um grande número de indústrias, entre elas diversas multinacionais, que traziam um novo modelo para a administração de pessoal. Nesse contexto de transformações, nas quais se incluem mudanças na legislação trabalhista brasileira, nasce em 1965 a ABRH-SP, na época fundada como APAP (Associação Paulista de Administração de Pessoal). Já na primeira década, a entidade demonstrou a representatividade que marca sua existência ao longo de 60 anos.

Em 15 de março de 1965, na pequena sala da Rua 24 de Maio, na região central de São Paulo, a APAP se estabeleceu, inicialmente, para dar representatividade estadual a grupos informais e centros de estudos interessados em debater a administração de pessoal.

A década de 1960 é notável pela criação de leis trabalhistas importantes, que passaram a impactar a rotina da administração de pessoal. A partir dessas regras, entrou em vigor a legislação do 13º salário e do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS). Também houve a ampliação do período de licença-maternidade e a regulação do direito de greve.

A recém-empossada diretoria da APAP, sob a presidência do pioneiro Bernardo Gongora, decide pela participação da entidade no II Ciap – Congresso Interamericano de Administração de Pessoal, organizado na Venezuela, em maio de 1965. Durante o evento, o Brasil foi escolhido para sediar a edição seguinte do congresso.

O III Ciap, realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro em 1967, trouxe pautas importantes para o centro das discussões. Debates sobre a formação do administrador de pessoal e dos recursos humanos, evolução sindical e legislação social marcaram o evento.

No livro de memórias Recordado passagens de minha vida, o então presidente da APAP destaca que o III Ciap preparou a criação da ABAPE (Associação Brasileira de Administração de Pessoal), primeiro nome dado à ABRH-Brasil.

A sobra do movimento financeiro do III Ciap permitiu à entidade comprar sua primeira sede. Na Rua Antônia de Queirós, no Centro de São Paulo, foram realizadas diversas atividades, incluindo o primeiro curso de Administração de Pessoal organizado pela APAP.

À medida que a APAP evoluía juntamente com a ABAPE, a década de 1970 avançava. No Brasil, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) passa a incluir direito às férias a partir do Decreto Lei nº 1.535/1977. Antes, em 1970, é regulamentado o trabalho de jovens entre 12 e 14 anos. Em 1974, é criado por lei o trabalho temporário. Dois anos depois, as empresas iniciam a adesão ao PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador).

Com o passar dos anos, a sede da Rua Antônia de Queirós tornou-se pequena, exigindo mudança de endereço. Assim, em 26 de julho de 1976, a entidade se estabeleceu na Alameda Barros, onde ficaria por mais duas décadas.

A inauguração da nova sede contou com a presença do ministro do Trabalho, Arnaldo Pietro. No mesmo dia, surgiu a proposta da criação do Dia do Administrador de Pessoal. A data escolhida, 3 de junho, é uma homenagem à fundação da entidade de âmbito mundial que reúne as associações de Recursos Humanos, conhecida hoje pela sigla WFPMA.

Embora a conjuntura sindical no País estivesse presente em várias discussões promovidas pela entidade, foi após a greve no ABC Paulista, em 1978, que a diretoria da APAP tomou a iniciativa de promover um amplo debate sobre o movimento sindicalista no Brasil.

Desenvolvido de forma independente, o I Ciclo de Palestras sobre o Sindicalismo, realizado em setembro de 1978 na sede da APAP, consolidou-se como o primeiro grande trabalho sobre sindicalismo no Brasil, reunindo profissionais de administração de pessoal, advogados, sindicalistas, entre outros agentes.

Mais tarde, um evento ainda maior e aberto ao público, ocupa um hotel na região central da Capital. Com dois dias de duração, o encontro promovido pela APAP agregou ao debate vários representantes, entre eles o ministro do Trabalho, Carlos Alberto Chiarelli, e Almino Afonso, ex-ministro na mesma pasta durante o governo João Goulart.

Especialmente a partir desses eventos, a entidade se fortaleceu como espaço de debates e desenvolvimento, uma vocação que perduraria ao longo de seus 60 anos de existência.

Fonte:
Assessoria de Comunicação da ABRH-SP ( 21, abril de 2025)