Em cinco anos, mais de 50 milhões de brasileiros foram atraídos pelas plataformas de jogos on-line. Com impactos entre apostadores eventuais e também para “jogadores de risco”, inclinados a desenvolver problemas emocionais, familiares, econômicos e profissionais, as bets têm representado desafios para a área de Recursos Humanos. De acordo com Inês Restier, membro do Comitê RH de Apoio Legislativo (CORHALE) e diretora financeira da ABRH-SP, o vício em apostas não deve ficar circunscrito à esfera particular, como um problema pessoal do funcionário. “Há um impacto silencioso que afeta todo o clima organizacional”, afirma.
Com intensas campanhas publicitárias e promessa de dinheiro fácil, o uso de plataformas de jogos on-line traz muitos desafios para as empresas, “principalmente no que diz respeito à saúde mental, à produtividade e à ética dos colaboradores”, elenca Inês Restier.
Com efeitos na saúde mental do profissional, os jogos podem gerar ansiedade, depressão diante de endividamento, insônia e isolamento social, entre outras consequências graves. “Também há conflitos entre colegas, desmotivação e aumento da rotatividade por demissões.”
Os problemas financeiros advindos do vício nas apostas em bets podem levar os funcionários a pedir empréstimos. “Também temos visto casos de desvio de recursos nas empresas”, diz.
Segundo a representante do CORHALE e da ABRH-SP, os riscos associados à queda de produtividade também vêm chamando a atenção da área de Recursos Humanos. “Durante o expediente, ao dedicarem seu tempo às apostas, os funcionários tendem a ficar mais distraídos, sem foco, mais ansiosos e menos engajados nas tarefas. Estão sempre ligados nos celulares, o que é um grande problema na rotina de trabalho”, ressalta.
As apostas em jogos afetam ainda profissionais que antes eram exemplares. “De uma hora para outra, esses colaboradores começam a apresentar riscos reputacionais e legais”, diz. “Mesmo as empresas podem ser associadas a práticas nocivas por não agirem preventivamente contra isso”, completa.
A ABRH-SP vem incentivando as organizações a desenvolverem campanhas de conscientização sobre ludopatia (vício em jogos) e educação financeira. “Temos tido muito cuidado no treinamento das lideranças para que identifiquem a compulsão em jogos e ajam com empatia”, pontua. Segundo Inês Restier, programas de apoio psicológico também são importantes, assim como políticas internas muito claras sobre o uso dos dispositivos e acesso a sites e plataformas de apostas durante o expediente. “E não se deve desconsiderar o controle de acesso aos equipamentos da empresa, que exige cada vez mais da área de tecnologia.”
Para a diretora da ABRH-SP, a atenção e todas as ações das empresas sobre as apostas on-line devem colocar em primeiro lugar a saúde mental dos colaboradores e a manutenção de uma cultura organizacional que gere bem-estar.
Fonte: Assessoria de Comunicação da ABRH-SP (11, julho de 2025)